terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Nada (é) demais...

Passava pela vida como quem espera por um ônibus, vindo de lugar nenhum para um nada, sem placas. Sentou nos fatos, acomodou-se inconfortavelmente no que, aparentemente, não poderia ser mudado e, assim, ficou. Ficou vendo as oportunidades de saltar dessa condução chamada Estabilidade, mas preferiu seguir o que seu título aconselhava. E, assim, foi indo. Mudar? Mas para que, oras: se mudamos hoje, mudam-nos amanhã. Para melhor, ou pior, nunca se sabe. Para que se esforçar, para alcançar algo fadado a transformações, sem garantias de absolutamente nada? Pensava dessa forma desde do dia em que conseguiu formular um raciocínio completo e justificável. Tinha razão, em alguns aspectos; medo e covardia, em outros.
Era mineiro e comia quieto.
Demais.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Jogo da Vida

Um dos jogos mais divertidos, que já inventei, é definir pessoas por figuras de linguagem. Não há passatempo melhor, salvas as devidas exceções. Para jogá-lo, e vencer de si próprio, as regras são bem simples:

1) Sente-se, ou acomode-se como melhor for, em um lugar privilegiado, com vista a todos que passam e vivem à sua frente.

2) Com seus olhos organicamente biônicos, analise, minuciosamente, os gestos, os trejeitos, os olhares, as posições e as opiniões (quando possível) dos que vê.

3) Pronto? Agora, comece a recordar-se da maior quantidade de figuras de linguagem que puder, e atire-as sobre suas vítimas.

Encontram-se os mais variados estilos literários por entre as pessoas: há as hipérboles, que nunca estimam algo ou alguém em menos de 1000 unidades de medida. Há os eufemismos, que, devido ao medo de encarar a realidade, vivem e transgridem em suavizações e disfarces do mundo, e de si próprios. Também temos os hipérbatos, que fazem de suas existências uma verdadeira inversão da ordem direta (são os mais curiosos e divertidos, a meu ver).

E tem aqueles que, por causa da complexidade de ser ou da extrema simplicidade de seus existências, não se enquadram apenas em uma figura; e, sim, em todas.

Há, também, aqueles que merecem uma nova classificação lírica, calcada na inconstância e no caráter “metamorfósico” que nunca os abandonam. Esses são os que valem mais pontos, e, por isso, devem ser tratados com leveza e bom-senso cuidadosos.

Em qual desses você se encaixa? Pois bem: jogar consigo mesmo pode ser o passo mais desumano de todos. Boa sorte em sua jornada pelos seus próprios caminhos e casas a serem avançadas; encontramo-nos nas últimas etapas, ou pelos meios das estradas a serem desvendadas.

Esse é o (meu) Jogo da Vida.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

E Agora, José?

Nasci.
Abri os olhos.
Vim ao Mundo.

Andei de quatro,
andei de 2,
e de vários outros meios.

Percebi o que sou
e o que são.
Troquei uns por outros, e outros por uns.
E cheguei ao primeiro de muitos.

Ir em frente?
Não sei.
Não se sabe.

Por enquanto, apenas a certeza de que tentar é válido.
E é a única opção.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Estive Sentindo...

Não há pensamento mais assertivo do que aquele que diz que só se sente o real valor de algo, ou alguém, (ou ambos), quando se perde a sua totalidade, ou parte dele. Realmente, quando se está à presença, ou convivendo, com alguém ou alguma situação com os quais nos sentimos bem, não se sabe a real essência e importância desses, em nossas existências errantes. Choca-se, porém, com sua falta: e agora? O que fazer? Como agir? Como seguir sem aquilo que, até então, confortava-nos de tal forma, que não tínhamos a real dimensão de sua crucial presença?
Na competição dos pensamentos mais bem concluídos, temos o que afirma que a vida, em si, é composta por perdas, ganhos e retomadas daquilo que se deixou esvair com o tempo; é feita de tombos, levantadas e auto-reciclagens. Mais uma vez, constata-se que a parte mais difícil de filosofias são, de fato, suas execuções. D’onde tirar energias suficientes para reerguer-se e recomeçar, novamente? Não se sabe, pelo menos, nos momentos em que estamos cegos às oportunidades, devido às eventuais perdas.
Lembrar dos momentos maravilhosos não só traz saudades de nostalgias, mas vem como a fonte das tão caçadas energias. O retornar-se às situações que nos traziam alegria, paz e felicidade, pode, perfeitamente, funcionar como combustível para que se finque sobre os dois pés que nos restam, e faça deles o veículo para resgatar aquilo que se foi. Temporariamente.
Portanto, não deixe que as eventualidades da vida impeçam a auto-superação. O verdadeiro valor do ser humano está, dentre outras atitudes, na sua capacidade de superar os obstáculos, que a vida trouxer. Melhor, ainda, do que se sentir confortado e feliz é trazer de volta essas sensações com os próprios pés e braços do coração. E segue-se, assim, vivendo e aprendendo.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Aditivos

Já te perguntastes, alguma vez em tua estrada, quem és?
Pois te digo, meu caro, que tu és eu, assim como eu sou tu.
Juntos, somos nós, somos eles, e somos mais do que se pode ter em sucessões pronominais.


De quantos pessoais tu és feito?
De seis, de dezesseis, de mais do que números arábicos contabilizam.
Somos mais do que imaginamos; mais do lemos; mais do vemos.
Sejamos um, sejamos dois, sejamos três.
Sejamos plural.
Seja tudo o que quiser ser, sem se preocupar em sê-lo, fatalmente.


“To be or not to be?”
Não mais uma pergunta, e sim, uma constatação:
To be & not to be;
quando melhor te convir.

.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Apetites.

Sinto-me bem rodeado por livros. Sinto que Eles têm uma alma própria, que nenhum ser consegue possuir. Têm uma áurea, formada pelas entrelinhas, que só os livros e suas numeráveis páginas alcançam. Há vezes em que apenas, e somente, Eles me confortam e fazem-me prontos para enfrentar aquilo que não está contido neles, e sim, na minha vida factual.
Contudo, pego-me pensando, em vários momentos de reflexões, na utilidade real desses seres inanimados.
Acredito que as pessoas e os livros estejam presos a uma ciclo. Um ciclo, no qual um leva ao outro, da seguinte forma: quanto mais leio, mais sei de histórias belíssimas, mais imagino cenários e paisagens só meus, mais vivo outras vidas, em outros mundos.
Quanto mais leio, mais vontade tenho de pôr em prática, da minha maneira, tudo aquilo que li.
Meu apetite por gente aumenta.
E quanto mais faço e vivo, mais vontade tenho de voltar aos meus micro-cosmos escritos e particulares, para que, lá, eu possa fazer tudo o que quiser, mesmo; sem as restrições e limites chatos da realidade.
E vice-versa.
E é por essa e por outras que eu não abro nem de um, nem de outro: são as minhas funções vitais mais essenciais.
E vice-versa.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

As Palavras e Seus Artefatos.

“Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas.”
(Luís F. Veríssimo)

Confesso, com todas as Letras que, ao contrário do nosso subseqüente homenageado autor, eu tenho SAG. Sim, ora: Submissão Aguda à Gramática. Tenho que certeza de que muitos de vocês, apenas pelo fato de já estarem acá, lendo isto que os afronta, também sofrem desse mal. Digo mal, pois já sofri muito preconceito pelo mesmo, sim.
Negligenciando a moral puritana e os bons costumes europeus, entrego-me de corpo, alma e coração às palavras e suas tão sedutoras sílabas meta fônicas, sem o menor pudor ou vergonha de fazê-lo. Deixo que use, abuse e desuse de mim, a hora que quiser, o quanto quiser. Põe-me noites em claro, tardes a dormir, ignorando qualquer compromisso ou força maior que possa existir.
As palavras e seus artefatos.
São elas, e eles, o meu gigolô interesseiro e materialista. Sem coração e prático. Aqueles que me desviam do discutível bom caminho, e põem-me na melancolia das poesias ultraRomânticas. São o que me pega desprevenido, num Domingo chuvoso, e fazem-me correr pelas linhas, feito louco, gargalhando dos cômicos e irônicos versos que, ‘Modernisticamente’, inventei.
Contudo, não tenho do que me queixar. Afinal, aceitei-me, assim, desde a primeira letra que desenhei: a partir desse momento, amarrei-me à escrita falada, e a oralidade escrita; e assim, sou feliz.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Lirismos & (em) Prosa.

"Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados

O lirismo difícil e pungente dos bêbedos

O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. "

(Manuel Bandeira)


Quero tudo isso e muito mais.

Quero o lirismo puritano, beato, católico, quando dele precisar.
Quero o lirismo dos transviados, desvairados e mal organizados, quando ele, de mim, precisar.

Quero prosas em versos, e poesias corridas, com parágrafos.
Quero novas modalidades de escrita, de fala, de vida.
Quero leituras de trás para frente, de cima para baixo, daí pra cá, daqui pra lá.

Quero arte, muita arte.

Arte no papel, arte nos olhos, arte na boca.
Arte em telas, em corações de estudantes e mentes experientes.
Artes que me prendam a si, e façam-me gastar horas, dias e segundos tão valiosos quanto.

Quero o tudo do nada, e o nada do tudo.
Quero(-te) de A a Z.

Quero isso tudo e todo, e muito, muito mais.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Paixões & Amores 1.0

Sempre nutri grande admiração pelo Jornalismo e seus representantes. Em meio a tantos advogados, médicos e engenheiros, tive sempre um olhar mais amigável pelos ‘loucos’, que, segundo muitos, morrerão de fome, cedo ou tarde. Talvez seja pelos pré-requisitos necessários para tornar-se um jornalista de sucesso, que, definitivamente, não são poucos. Talvez seja, apenas, por encaixar-me, propositalmente, em meio a todos os ambientes e situações enfrentados por esses verdadeiros heróis. Situações, na maioria esmagadora das vezes, complexas e pouco confortáveis, física e moralmente.

Heróis, sim; pois é por meio deles que se sabe sobre tudo, de todos; das maneiras mais ecléticas possíveis: desde o mais irreverente ao mais melancólico. Indo de Arnaldo Jabor a William Wack, do sádico e irônico ao alinhado e aliado às boas maneiras, vejo que a imparcialidade, nessa área, é algo, terminantemente, desumano para com seus componentes.

Perdoem-me todos os jornalistas, universitários, ou aspirantes aos mesmos; mas, de fato, creio que seja impossível não deixar respingar uma pitada de sal ou de açúcar próprios, tão bem representados por palavras. E digo mais: sem as particularidades dos mesmos, as verdadeiras obras primas que (re)produzem ficariam um tanto quanto insípidas. Gosto de ler, nas entrelinhas ou nem tanto, um toque de opinião própria e originalidade sobre o que se discute.

Tudo, bem; tudo bem. Depois dessa verdadeira declaração de amor pela carreira, pensará que pretendo seguir a carreira, não é? Pois bem, venho a informá-lo do seguinte: meu amor pela respectiva Profissão é digno de um casal em Bodas de Diamante. Já minha paixão pela carreira é tão estável quanto uma de adolescentes recém-chocados à vida.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Por onde começar?

Enfim, fiz meu primeiro (e único, espero eu) Blog!
Desde que li a definição do que esse seria, aos meus 13 anos, sempre tive vontade de tê-lo: imagine só! Um diário on-line!
Depois de tempos, cheguei a achá-lo ridículo e passei a encará-lo como uma 'Capricho' virtual.

Bláh!

Mas, depois de muito fazer uso de Fotolog e agregados como fonte de descarrego de meus surtos de inspiração, concluí que NECESSITAVA de uma válvula de escape ("Olha a redundância!") para meus filhos manuscritos.
Um dos meus medos é acabar por converter esse 'negócio' em uma sessão de terapia, na qual eu seria o egocêntrico paciente e, vocês, meus prezados leitores, os renomados psicólogos.
Na verdade, além das razões citadas acima, criei-o para transgredir a todas as regras estruturais e conteudistas, das quais sou privado, nas minhas dissertações. Vou, sim, usar a 1ª Pessoa do Singular, com direito ao seu respectivo Pronome Pessoal Reto, em caixa alta; usarei incontáveis 'mas', 'e' e 'pois' em inícios de períodos e frases, além de entupir meus textos com ambigüidades e redundâncias -vire-se você para desvendá-las-; e todas os outros motivos para ganhar um belo círculo vermelho, seguido de uma observação categórica, na minha organizada folha de Redação.
Afinal, para que mais serve um Blog, mas para armazenar e tornar públicos todos os nossos anseios, medos, vontades, desgostos, ódios, e amores?
Dito isso, sente-se no divã, da maneira que bem entender, e prepare-se: a relativização vai começar.