sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Jogo da Vida

Um dos jogos mais divertidos, que já inventei, é definir pessoas por figuras de linguagem. Não há passatempo melhor, salvas as devidas exceções. Para jogá-lo, e vencer de si próprio, as regras são bem simples:

1) Sente-se, ou acomode-se como melhor for, em um lugar privilegiado, com vista a todos que passam e vivem à sua frente.

2) Com seus olhos organicamente biônicos, analise, minuciosamente, os gestos, os trejeitos, os olhares, as posições e as opiniões (quando possível) dos que vê.

3) Pronto? Agora, comece a recordar-se da maior quantidade de figuras de linguagem que puder, e atire-as sobre suas vítimas.

Encontram-se os mais variados estilos literários por entre as pessoas: há as hipérboles, que nunca estimam algo ou alguém em menos de 1000 unidades de medida. Há os eufemismos, que, devido ao medo de encarar a realidade, vivem e transgridem em suavizações e disfarces do mundo, e de si próprios. Também temos os hipérbatos, que fazem de suas existências uma verdadeira inversão da ordem direta (são os mais curiosos e divertidos, a meu ver).

E tem aqueles que, por causa da complexidade de ser ou da extrema simplicidade de seus existências, não se enquadram apenas em uma figura; e, sim, em todas.

Há, também, aqueles que merecem uma nova classificação lírica, calcada na inconstância e no caráter “metamorfósico” que nunca os abandonam. Esses são os que valem mais pontos, e, por isso, devem ser tratados com leveza e bom-senso cuidadosos.

Em qual desses você se encaixa? Pois bem: jogar consigo mesmo pode ser o passo mais desumano de todos. Boa sorte em sua jornada pelos seus próprios caminhos e casas a serem avançadas; encontramo-nos nas últimas etapas, ou pelos meios das estradas a serem desvendadas.

Esse é o (meu) Jogo da Vida.