terça-feira, 17 de março de 2009

Monólogo de Dois - Parte XVII

Eu juro por tudo que é mais sagrado (mesmo que não valha a pena tanto juramento) que eu já tentei milhões de vezes. Olha, já conversei com meus amigos, numa mesa de bar; com minhas primas, em festas de família; com a minha terapeuta, quando esbarrei com ela na fila do cinema, e resolvi fazer uma rapidinha; enfim, com Deus e o mundo e, até agora, ainda não cheguei ao consenso: sexo e sentimentos são, afinal de contas, coisas separadas?

Eu confesso que já transei sem amar e já amei sem transar. Já fiz assim, assado, de um jeito, de outro. Não, Priscilete, isso não é uma lista de posições à la Kama Sutra. É uma lista de tentativas à la livros de auto-ajuda mesmo, pra tentar responder a essa questão que, porra, tá mais difícil que do que fazer os judeus e árabes fazerem as pazes. Quem sabe se eles transassem? Hum, não. Só iria piorar a situação, com certeza.

É fato que o sexo, pelo menos na minha concepção, deveria ser um ato mais valorizado do que é, hoje em dia. Eu acho que, pra chegarmos nesse estágio e tudo ser maravilhoso, deveria haver um conhecimento maior entre os futuros-embolados-no-lençol. Enxergo dessa maneira, sim, e, por mais que eu esteja parecendo uma música da “Noviça Rebelde”, acho que é desse jeito que as coisas deveriam ser, cara.

E olha que eu já tive minhas dúvidas, heim? Por exemplo, eu tenho uma amiga, aliás, duas amigas, que nem se conhecem, mas que têm mais ou menos o mesmo comportamento. Amanda e Sheila. Eu sei Sheila é um péssimo nome, eu sei. Mas, pobrezinha, foi a mãe dela que escolheu, né? Enfim, Sheila me impressiona, cara. Ela se envolve com um aqui, outro acolá. Se enrabicha com aquele cara do trabalho, com outro lá do buraco onde ela nasceu. E tá sempre tranqüila, calma e serena, sem medo de ficar sozinha pro resto da vida, sem medo de se envolver nem nada, até porque, segundo ela própria, ela não se envolve. Já conversei com Sheilinha milhões de vezes. Até a entendo. Mas acho estranho. Já Amanda consegue ter essa capacidade de desprendimento também. Tem fases em que ela tá mega piranha, assim, a ponto de que quase assustaria a Sheilinha. Porém, cedo ou tarde, ela acha um cara legal e se envolve, de fato, com ele. Sendo que, nessa época, Amanda se transforma, cara. Aqui, temos dois casos de pessoas diferentes, que tratam o sexo de modo natural e prazeroso, sem muitas complicações, e que, aparentemente, vivem bem.

Eu, nas minhas confusões sexo-amorosas-sentimentais-finaceiras ( e eu poderia ficar colocando hífens ali pro resto da vida), tenho minhas dificuldades em conseguir separar as coisas. Tem dias, por exemplo, em que eu acordo estilo Sheila, sabe? Toda me querendo, com mais hormônios do que água no corpo e a fim de fazer de tudo com todos. Se eu achar um pra me satisfazer, até me entrego, mas, no dia seguinte, queridinha, falta pouco pra eu me entregar a um convento, pedindo o perdão eterno! Não que eu me sinta culpada, mas é que eu me sinto mal, mesmo. Ao mesmo tempo, achar alguém super legal a ponto de o sexo não ser uma culpa é tão difícil quanto ficar felizona, depois de dar pra um que eu conheci no dia anterior.

Ai, ai. Será que a parada é ficar virgem até o casório mesmo? Eu tenho uma outra amiga, a Vanessa, que me diz e jura de pé junto que é virgem até hoje. Em compensação, meu bem, a garota é baixa, mas muito baixa. (Baixa? Que termo estranho. De onde será que eu tirei isso? Nunca tinha ouvido falar...). Enfim, Vanessa me fala que nunca deu, mas dá no que falar. Gente, se já ta difícil achar um namorado, imagina um marido? E, mesmo se eu achasse, imagina só se ele fosse ruim na cama? Ah, aí eu iria virar Sheila pra sempre.

Pois é. A gente pensa, conversa, repensa, reconversa e nada de achar uma solução. Eu acho que as coisas devem tomar o seu fluxo normal, pra que o meu fluxo hormonal fique bem, né? Que que tem dormir com um cara legal, bacana, gente fina, bonito, que eu conheci há dois dias? Não pode surgir alguma coisa boa dali, afinal de contas?
Sei lá, né? Esse papo todo de sexo dá me dando, hum, vontade de... comer chocolate, de novo. Só falta criar uma super barra versão-homem, porque o prazer é quase o mesmo, e sem gastar com camisinhas. Vamos ao meu eterno e futuro marido, Mr. Hershey’s.

terça-feira, 3 de março de 2009

Monólogo de Dois - Parte XVI

Outro dia desses, vieram me dizer que eu me apaixono demais. É mais ou menos assim: a cada semana, Priscila, você se vê, imagina, se empolga e vibra com um novo futuro-amor. Óbvio que o negócio não é tão passageiro, mas me fizeram pensar sobre os meus amores, inventados ou não. E sabe que que percebi? Que ver, imaginar, se empolgar e vibrar faz parte de mim. E não há pessoa nesse mundo que vá me fazer diferente, até porque, babe, isso é impossível.

Realmente, eu me apaixono com muita facilidade. E sabe por quê? Porque eu gosto de me sentir assim: ansiosa, esperançosa, empolgada, leve, flutuante. Feliz! Não que eu precise de outra pessoa o tempo todo pra ter felicidade, mas se sentir querendo alguém é uma das melhores sensações que eu, na minha humilde e calejada vida amorosa, já experimentei. Gosto disso mesmo. So what?

Além disso, me peguei pensando, também, se essa minha porta aberta do coração, mesmo que com muitos arranhões, pode significar que os meus sentimentos são baratos ou efêmeros demais, assim como os de uma criança pirracenta por um brinquedo na vitrine da loja. Sabe que eu cheguei a me sentir uma delas? Mas, depois de cinco minutos, me bateu a realidade (em que eu quero acreditar, pelo menos): nada nem ninguém pode julgar a durabilidade dos meus sentimentos, até porque quem os sente sou EU. Sou eu quem passa noites sem dormir, sonhando acordada. Sou eu que não consegue ficar um dia sem mandar uma mensagem babaca ou ir na página dele no orkut, só pra ter mais fontes pros meus sonhos. Sou eu que sofro. Eu que amo. Eu que quero.
(Eu, eu, eu, eu! Leonina demais, você.)

É evidente, sim, que, quanto mais tempo dura um sentimento, mais valorizado ele deve ser. Mas isso não quer dizer, de forma alguma, que aqueles novos devam ser desclassificados e ignorados. Afinal, é exatamente deles que pode surgir algo a mais, mais importante, mais forte, mesmo que, por vezes, eu tenha certeza de que nada possa ser mais forte do aquilo que eu tô sentindo, naquela sementinha de amor. (Cafona. Tá ficando boa, heim?)

Já dizia Cazuzinha, meu grande amigo que não cheguei a conhecer: adoro um amor inventado. Gente, qual é o problema nisso tudo? Me diz! Valorizo tanto amores que vêm com o tempo quantos amores que vêm com a mente e a vontade de ser feliz. Tanto o faço, que, muitas vezes, arrisco amizades, dinheiro, sono e tudo mais por aquilo. Aquilo que eu não sei bem o que é, mas que me comanda e não me deixa pensar muito bem. É, quase uma criança sedenta por uma Barbie de novo. Ouço conselhos, concordo com eles, mas de nada adianta. (Sensação de que já pensei nisso antes... Estranho!)

Agora, para com esses devaneios todos e fecha o olho. Lembra? Quando a gente fecha o olho, na cama, pode sonhar acordada. Com ele. E eu não me arrependo de nenhuma noite perdida, nenhuma mensagem mandada, nem de nada. Arrependida estaria se tivesse me segurado.