domingo, 4 de maio de 2008

Desligar-se do inevitável

Ela está em todos os lados. Presente em todos os meios de comunicação, desde jornais até ‘palm-tops’. Todos se comovem, revoltam-se, chocam-se. O que isso seria? Uma notícia. Uma notícia que, de cruel e triste, tornou-se o espetáculo protagonista do Circo de Horrores, chamado Brasil.
É fato que todos, independentemente de qualquer distinção que possa haver entre as pessoas, já sabem do que se trata e estão, provavelmente, exauridos de tanto ouvir, ler e assistir sobre o caso. Para deixa-lo mais claro e objetivo possível, fala-se da menina Isabella. Sim, a Nardoni.
Desumano? Foi. Monstruoso? Também. Incompreensível? Inclusive. É um acontecimento que merece, realmente, atenção e que deve levar à reflexão sobre o rumo que a sociedade toma. Porém, mesmo sendo tudo que foi dito, não é permissível que transformemos o mesmo em um espetáculo, a que todos assistem muito revoltados (oh!), mas acomodados em seus sofás.
Hipocrisia? Provável. Comodismo? Com certeza. Passividade consentida? Também. São essas algumas das principais características fundamentais, notadas pela perícia social, feita nos brasileiros. Em vez de buscar incontáveis hipóteses, por que não se preocupar com os reais problemas, por trás dessa espetacularização? Por que não tentar enxergar não só as conseqüências do problema e combater as suas causas? Ora, cansaria demais. É mais simples, e aparentemente eficaz, mostrar-se boquiaberto e cho-ca-do. Não é?
Não há grandes problemas na paixão do brasileiro, em geral, pelas novelas. É preocupante, sim, a conversão de casos da vida realíssima em meros folhetins das nove. E é exatamente isso que está sendo feito. Como se previsível e esperado, todos aguardam pelas cenas do próximo capítulo, com uma pequena diferença: nessa novela, o final jamais será feliz.

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