terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Monólogo de Dois - Parte XIV

Cansei de falar de amor. Cansei de pensar em amores. Cansei, inclusive, de procurar por eles e vivê-los, até mesmo! Não me venha chamar de covarde, porque eu juro que tentei. Me entreguei a um amor aqui. Me segurei mais um pouco em um outro acolá. Segui todas as regras que as minhas amigas me impuseram, obedeci a todos os conselhos que as minhas experiências me deram. Fiz a difícil com uns. A fácil e entregue à paixão com outros. Amores. Vários tipos, cores e formas deles! E pra quê? Pra acabar mergulhada na merda, Priscila. Mergulhada, afogada, nadando nela! Sendo soterrada por... Chega. Tô ficando enjoada.

E é engraçado, porque, quando a gente tá super apaixonada, não vê as coisas e nem as pessoas como as veríamos, caso estivéssemos em nosso estado normal. Sim, porque, quando envolvidos de sentimentos rosa e nojentinhos, é como se alguém viesse com uns óculos de natação tampados com fita isolante (Sabe aquele do Gugu? Nossa, que exímia referência cultural, querida.) e colocasse nos nossos olhos. A gente não pensa direito: parece perder toda a percepção obtida com a experiência da vida; todas as lições aprendidas parecem ter sido deixadas numa gaveta, amassadas por umas contas velhas e trancadas à chave. Então, lá vamos nós, naquela Montanha Russa no escuro, e sem cinto de segurança algum. Boa sorte. Sorte, sim, porque ela é mais do que necessária, nesses casos de amor. Amor. Há! Saco.

Bom, já que falar de amor é mais forte do que o meu atual nojo e desprezo por ele, deixa eu pensar de uma vez: sabe aquela história de que as pessoas têm que ser parecidas, pras coisas darem certo? Esquece. Aquela outra de terem os mesmo objetivos de vida? Bobeira, besteira, ladainha. O mais importante, além desses pré-requisitos todos, é a sorte, meu bem. Sorte, quando os dois estão na mesma sintonia, em relação aos sentimentos. Não importa que um dos dois esteja com-ple-ta-men-te envolvido com o outro, se esse outro, na verdade, não tá a fim de nada sério, no momento. Dá raiva. Dá irritação. Revolta, nervosismo, impotência agonizante. Tudo isso junto e misturado. Mas não há o que fazer! É pura falta de sorte e de compatibilidade de tempo.

Apesar disso tudo, posso falar? ODEIO casais fofos. Eu, quando apaixonada, me recuso a fazer o casal fofo. Jamais! Como assim, no meio da rua, me surge uma voz “fofa”, falada por uma marmanja vivida, ao pé do ouvido de um outro marmanjo crescido, que acha super bonitinho aquela demonstração pública de mongolice voluntária? Pelo amor de Deus! Tudo bem que – tenho que confessar – há poucas maneiras verbais, inventadas pela humanidade, pra expressar sentimentos, mas também não precisa apelar pra uma regressão mental, né?

Por mais irritante que possa ser, quem sou pra julgar como as pessoas se expressam? Pelo menos, elas se expressam, afinal de contas. Pior são aqueles outros que se vestem em uma capa dura de frieza e sarcasmo e se resguardam ao não-envolvimento. Dos males o menor, não é? Mesmo eu adorando estar apaixonada, e me sentir cega por aquele óculos do Gugu, e me jogar naquela Montanha Russa no escuro sem cinto, é bom – muito bom! –, de vez em quando, se entregar, sim, àquela capa de sarcasmo e veneno que borbulha e meter o pau nos apaixonadinhos! Morram todos!

Agora, para com essa zona sentimento-reflexiva, e vá se entregar à sua paixão, aliás, ao amor mais seguro e estável de todos: o meu pelo chocolate.

2 comentários:

Anônimo disse...

Zé, tudo bem? Será que posso te chamar assim?
Não pensei que outras pessoas pudessem passar exatamente pelas mesmas situações que eu, não que eu queira ser o único ou exclusivo, muito pelo contrário. Só que você consegue colocar em palavras de uma forma que eu não consigo, pelo menos, não tão bem.
Quando não dá certo, quando mesmo depois de tentar de tudo para que dê e não dá, é frustrante. Acabamos nos culpando e tentando achar razões em nossos atos para justificar as decisões e gestos de outra pessoa.
Só acho que você não deveria desistir tão fácil, existem várias pessoas querendo fazer a diferença na vida de alguém. Não foi sua culpa, geralmente não é. O outro só não foi capaz de perceber com quem ele estava se relacionando.

Anônimo disse...

em outras palavras: odeio gente feliz do meu lado! hauahuahuahau