terça-feira, 2 de junho de 2009

Monólogo de Dois - Parte XX

Chega uma hora, cedo ou tarde, em que as noitadas não te tiram mais de casa com a mesma empolgação, caçar homem pelas ruas, como um caçador na Amazônia, atrás do último mico leão-dourado, não põe mais a sua arma em pé. Chega a hora em que tudo o que você quer é tudo aquilo que você um dia achou chato: passar o dia todo embaixo das cobertas (com o ar ligado, afinal, Londres não é aqui), vendo filmes românticos idiotas e impossíveis (mas que ficam bastante reais), abraçada, agarrada, mergulhada naquele cara que te faz, pura e simplesmente, bem. E agora?

Não sei se é a maldita menopausa que tá chegando, ou se eu to assistindo ao Sex and the City demais da conta (ou os dois, né? Afinal, pra ficar viciada em Sex and the City, querida, só estando na menopausa). Eu sei mesmo é que me cansei dessa vida badalada, que eu tenho vivido. No começo, é tudo festa. Literalmente. Você trabalha a sexta-feira toda, igual a um estagiário iniciante estudante da Universo; fica exausta, mas se obriga a sair. E se diverte, afinal de contas. Chega em casa morta e ainda tem que dar plantão no escritório no sábado seguinte. Problema? Algum. Acorda puta da vida, amaldiçoando a última geração indígena e portuguesa do seu chefe (que, enquanto você madruga, depois de um leve cochilo de 2h, deve tá babando no pescoço da mulher dele) e vai trabalhar. Na semana que vem, repete a mesma coisa.

E haja roupa pra sair. Haja dinheiro pra gastar. Haja disposição pra usar. E fígado pra destruir. E, pra que mesmo? Pra você pegar um ou dois caras de quem você mal lembra o que eles fazem da vida (sim, o nome, pelo menos, eu lembro. Ainda não cheguei a esse grau de assanhamento e amnésia) e nunca mais vê. E, de repente, do nada, o seu ânimo pra sair acaba. O seu dinheiro termina (muito antes do ânimo. Até porque, de onde vem mesmo a grana pra bancar essa vida toda? Pois é). E tudo o que você quer é fazer absolutamente na-da. Mas sozinha? Ah, não.

Aí é aquela coisa: você começa a se lembrar dos últimos relacionamentos (que, enquanto duraram, foram) bem-sucedidos e cisma que ainda ama aquele canalha que foi passar férias do trabalho e se demitiu de você. Mete na cabeça que vai dar tudo certo e tal. Mas nem pra isso eu tenho ânimo, cara. Um dia, eu juro, vou abrir uma lojas de homens delivery. Nada de michê, por favor. Vai ser uma coisa mais alto nível. É. Melhor desistir dessa idéia.

E fica se remoendo, triste pelos cantos, mortinha, mortinha. Cadê o meu cara? Onde ele tá? Numa das boates a que eu fui não vai ser. E o pior é que, poxa vida, eu mereço alguém legal, sabe? Tenho meu trabalho, meu apartamento, meu carro, minha vida tá encaminhada (menos a minha cabeça e tranqüilidade, óbvio), feia já me disseram que eu não sou e tudo mais! Que esse bando de homem quer, hein? Umazinha que fique lavando louça pra ele e passando a gravata do rapaz?

Eu sei que também não é por esse extremo todo, mas, cara, que que eu tenho de errado, me diz? Aliás, o erro tá em mim? Assim, sem querer ser pouco modesta (coisa que eu nunca sou, imagina), mas eu não vejo nada de muito errado, em mim, pra não achar um cara que me preste pra alguma coisa, a não ser pra trocar um pneu e a lâmpada da sala. O problema deve tá com os outros mesmo. Não é possível.

Eu quero mesmo é ser amada e amar. Ser cuidada e ter de quem cuidar. Poder contar com alguém pra dividir uma conquista ou uma vitória. Ter alguém do meu lado, até mesmo quando meu cabelo estiver um lixo, assim como eu toda. Alguém de quem eu seja e que seja meu, até quando os nossos corações se gostarem e as nossas idéias concordarem umas com as outras. Eu quero o que deve ser meu. O que todo mundo diz que tem aí fora, mas que eu, até agora, não achei. Eu mereço isso tudo.

[...]

Gente, olha eu, aqui, pensando na vida enlouquecidamente, com a televisão ligada e o fogão aceso. Ainda tenho que me arrumar pra sair, meu pai. As meninas já devem ter chegado lá na portaria, pra gente pra boate nada ideal, com decoração cinematográfica, que eu detesto, mas acabo indo.

Mas, pera aí? Com qual roupa eu vou? Não tirei dinheiro, meu pai! Ah, quer saber, eu vou é alugar um filme na Blockbuster, ligar pra minha amiga, Danusa, e me enfiar é num balde de pipoca, vendo filmes babacas e rindo da vida. Afinal de contas, é mais barato, divertido, magro e... Deprimente.

Encalhada.

3 comentários:

Danusa disse...

quer dizer entao que assistir filme comigo é deprimente??? ok, priscila...

Anônimo disse...

eu tb nao me lembro o nome dos carinhas q fico...preciso de terapia? rsrsrsrsrrsrsrsrrs. ( um riso paulissssta pra causar, mina priscila.

Danusa disse...

Geeeeente, a anonima voltou...e com sotaque paulista meu!