segunda-feira, 29 de junho de 2009

Monólogo de Dois - Parte XXI

15 de Agosto. Aliás, alguns dias a mais em Agosto, alguns outros em Julho e, se eu não me engano e a minha memória mergulhada em mancadas não me engana, alguns de Setembro. Eita época tensa pra nascerem pessoas complicadinhas. Afinal de contas, meu bem, são todas de um dos signos mais complexos, difíceis e que, por contraditório que pareça, adoram ser assim: leoninos. Mesmo que eu não acredite muito nesse negócio de horóscopo (ok, eu sei, sei que eu sou a cara cuspida e escarrada de quem é viciada em horóscopo), eu me impressiono, às vezes, em como esse danado mata mais questões do que alguns meses de terapia, menina. Falando em mortes, assumo a minha vida: sim, meu nome é Priscila (vai, gente, agora é quando vocês respondem: “oooooi, Priscila!”) e sou leonina... Desde que eu nasci. E sabe o que mais? Não pretendo largar esse vício tão cedo.



Podem adicionar umas características novas aqui, outras lá. Tirar umas de lá, outras daqui. Mas eu, no cúmulo do meu signo atuante, posso me considerar a personificação do Leão. Tirando a insegurança que, aliás, aparece como reflexo do excesso de segurança. Complicado? Óbvio. Leonina, lembra? É mais ou menos assim: o leonino é tão acostumado a sempre vencer e ser bem-sucedido que a menor possibilidade de perda ou insucesso (muito presente na vida de todos os signos dos astros) faz com que eles, no seu enorme bom senso de sempre exagerar, aumentem e dramatizem à enésima potência. Aí, pronto: se sentem despreparados (eu!), instáveis (quem será?), volúveis e indecisos (ok, meus sobrenomes) e por aí vai. E vai, mesmo, porque nós temos muito, mas muito mais complicações do que uma leve fase de Drama-queen.



Imagina um leão pomposo, dourado, brilhando no meio de uma selva que nem existe mais. Imaginou? Agora imagina esse mesmo leão, com a juba escovada ou tratada, a barba feita, um peeling básico e uma maquiagem jogada de leve? Pois é. É assim que a maioria dos leoninos se sente. Eles têm uma preocupação – insalubre e vergonhosa de admitirem, às vezes – de serem muito vaidosos. Eu tenho uma amiga de uma prima que... Tá bom. Ok. Eu acho que, pelo menos com meus pensamentos, eu posso evitar essa mentirada, né? Eu, eu mesma, sou capaz de passar mais tempo escolhendo uma roupa do que tomando banho. O leonino valoriza tanto a aparência alheia, que acaba se preocupando tanto quando com a sua própria. Afinal, se é pra criticar, que o seu ponto de crítica esteja quase perfeito em você. Não vejo muito problema nisso, não, desde que não se esqueça de quem há também a roupa interna e a maquiagem do coração. Isso, querida, já deu pra perceber que eu vejo. Até demais.



Além disso, sabe aquela história de querer se o centro das atenções? Também não é pra tanto. Tá, no meu caso, até poder ser. Mas todo leonino, no mínimo, precisa estar inserido e ativo, seja lá qual for a situação. Por exemplo, uma mesa de bar do tamanho daquela da Santa Ceia. Vários núcleos misturados. Alguns que nem se conhecem. Pode ter certeza de que não vai ver nenhum representante da juba do zodíaco quieto, num canto, cutucando o celular. A não ser que seja, justamente, pra chamar a atenção de alguém. A gente gosta de ser notado, sabe? Se sabe, não vê nada de errado nisso. Né, leoazinha?



É óbvio que a gente tem problemas. Aliás, muitos. Pra começar, conhece extremos? Então, são as nossas calcinhas e sutiãs da alma. Racionais ou passionais demais. Organizados ou bagunçados demais. Desesperados ou controlados demais. Meio-termo é um termo que o leonino não conhece. E sabe o que mais? É bem capaz que nem queira conhecer. Nós não gostamos de estabilidade; nos incomodamos com o silêncio; o pacato nos irrita.



Irritados. Vorazes. Reais. Da realeza. Todo leonino, mesmo que um pouco tímido, sabe se valorizar nas horas certas, mesmo que isso só venha depois de muita porrada. Alguns ficam meio podres por dentro. Outros, nem tanto. Mas fazem jus ao seu porto e posto de reis da selva. E, vamos combinar? Poder fazer “raaaaw”, pelo zodíaco afora, é bem mais divertido do que um “glup, glup” de peixes, ou um barulho irreproduzível dos escorpiões.



Mas, não. Eu não acredito muito nisso tudo, não. Aliás, nem conheço muitos detalhes.



(Mais uma caracaterística? Têm uma capacidade mais do que normal de se enganar).

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