quarta-feira, 7 de julho de 2010

Monólogo de Dois - Parte XXXVI

A gente cresce. Vira gente, ou, pelo menos, acha que virou. Depois, ganha a maioridade. Vira adulta, ou, pelo menos, acho que virou. E o sonho sempre presente: achar a nossa alma gêmea, o nosso amor, a nossa outra metade. Apesar da cafonice de todas essas expressões, convenhamos que elas têm a sua serventia: são fatos. Depois de muito procurar, a gente acaba achando, afinal, enchendo o estoque de clichês: quem procura sempre acha, seja uma farpa pra se coçar ou um amor pra se estressar e sorrir. Achado o procurado. E agora?

Aquela fase inicial é a personificação de qualquer conto de fadas. Cada beijo, um novo detalhe. Cada olhar, uma nova experiência, cada sorriso, um brilho nos olhos que nos faz esquecer. Esquecer que esse frenesi todo, uma hora, passa.

Que que eu faço, então, quando vem o tempo, maldito e certeiro, trazendo com ele seus famosos tapas na cara? Não que aquela pessoa, de onde vieram tantos brilhos e sorrisos, tenha morrido. Ela só apareceu, de verdade, como é.

Nessa hora, as opções são duas: ou você, covardemente, se enfia num pote de purpurina, cisma que existe, sim, o brilho eterno de uma vida sem lembranças, e desiste; ou você olha praquilo em que se enfiou, pensa, repensa, hexapensa, e decide: por que não?

Afinal, eu não tinha crescido? Eu não tinha virado gente grande? Tá na hora de agir como tal.

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