quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Monólogo de Dois - Parte XXXVIII

Eu tenho plena consciência de que muitas coisas nessa vida me irritam. Tenho total noção de que meu pavio com situações corriqueiras não é nenhum curto, mas não inexistente. Mas, se eu tivesse que fazer um ranking, um Top Five de coisas que me irritam DE VERDADE, acredito que o primeiro lugar seria da batalha entre a cabeça e o coração. Mete e sentimento. Minto e sinto muito.

Por que raios a gente não consegue desvencilhar um do outro? Por que não se pode ligar um, quando for a sua vez de trabalhar, e desligar o outro, quando não for a sua hora de entrar em ação? Mesmo esse assunto sendo clichê – outra coisa que me irrita profundamente -, atenção tem de ser dada.

Não tem jeito: quase sempre, quando a nossa cabeça percebe que alguma situação da vida não nos é mais positiva e benéfica, tem sempre o coração pra te falar: “Ah, espera mais um pouco! Você tá sendo muito precipitada, Priscila! Me escuta! Me ouve!” Muitos dizem que saber ouvir o coração é uma arte, uma benção, um talento. Vai ver que, em dados momentos, deve ser mesmo. Mas, em outros, quando você percebe que, de fato, não dá mais, e só quer sair correndo, por que esse coração de papel resolve se transformar em pedra e ser mais pesado que o seu gelatinoso cérebro?

Se a gente abstrai a existência dele, sofre depois. Se a gente escuta o que ele tem a dizer, sofre agora. Ou seja, no final das contas, parece que o sofrimento é inevitável, quando se está prestes a tomar uma decisão que venha a mudar a sua vida. Vai ver que é assim que as coisas devem funcionar mesmo: toda escolha tem um lado bom e ruim, cabendo a quem escolheu saber lidar com a parte negativa e maximizar a positiva, mostrando que valeu a pena ter ido por aquele caminho...

Acho que isso se chama maturidade. Racionalismo. Praticidade. Frieza. Chame como quiser. Acho que isso é necessário, em alguns momentos da nossa vida, pra que a gente possa ir adiante. Tem vezes em que sentir não basta. Tem vezes em que é preciso pensar também. Mesmo que aperte o que sente, racionalizar é preciso.

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