quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Monólogo de Dois - Parte VI

Às vezes, - lê-se sempre -, eu me divirto comigo mesma, sabia? Não que eu fiquei na frente do espelho, fazendo caretas igual a uma retardada e rindo da minha própria condição ridícula, mas me faço rir sem querer, assim como certas pessoas por aí, né, Dona Priscila? E uma das situações que, depois de passada, mais me diverte é a minha relação louca e instável com... Músicas. Sabe aquela história de Montanha Russa Emocional? Então, é só colocar os fones do meu iPod no ouvido ou ligar o rádio do carro, e pronto: é dada a largada dos carrinhos, e os giros começam a me deixar enjoada, e feliz, e nervosa, e tudo ao mesmo tempo e misturado. É mais ou menos assim:

(Now Playing Como Eu Quero - Kid Abelha)

Ai, ai, meu pai. Não é que a gente combina? Quando eu fico muda, ele faz cara de mistério, e vice-versa! A gente ri juntos, mesmo que eu tenha que disfarçar a minha risada totalmente não-sociável. Aliás, pelo contrário, né: espanta o povo. Se bem que eu descobri que ele também a dele. Mas quer saber? Hum, eu quero ele. Ah, como eu quero! Eu sei que a gente pode dar certo junto, ele me ensina, quase sempre, como ser bem melhor, mesmo quando eu não vejo nada de bom, em volta. E eu? Eu ensino pra ele como as coisas mais simples podem, sim, ser significativas: sempre transformo o rascunho dele em arte final. Isso, Cinderela! Suspira, que a vida é feita disso, menina! (Menos de suspiros comestíveis, por favor).

(Now Playing Back to Black – Amy Winehouse)

Mas você, hein? Francamente! Parece uma pirralha de doze anos de idade, que nunca namorou na vida. Acha, realmente, que ele vai te querer pra sempre? As palavras sempre complicam a nossa, e qualquer outra relação. Um dia, ele vai voltar praquela cachorra, sem vergonha e infantil que pintou e bordou o coraçãozinho lindo dele, ou vai arranjar uma outrazinha qualquer por aí afora (até porque piranha, naquela escritório, não é o que falta, né?) Eu? Volto pra fossa. É lá em que eu resido. Não?

(Now Playing I’m Like a Bird - Nelly Furtado)

Não, não! Você não vive na fossa, nem no fundo do poço, nem na saída dele, mulher! Que isso?! Levanta, sacode e poeira, ajeita a calcinha e dá a volta por cima, sem despentear o cabelo! Você é... É... Um pássaro! Sozinha ou acompanhada, você voa por aí, sem saber onde mora, e sem ter idéia de onde a sua alma foi parar. Livre. Pra voar. De preferência, na primeira classe.

(Now Playing Menino do Rio – Mart’nália)

De preferência acompanhada? Não. Não, senhora: necessariamente acompanhada. Hoje, necessariamente acompanhado por ele, na companhia dele, envolvida nos braços dele, nos beijos dele. Beijos desse menino. Menino do Rio. Meu. Nossos beijos que me dão um calor. Calor que me provoca arrepios. Arrepios que batem no coração. Coração do eterno flerte. Flerte que me faz sonhar. Sonhar com desejos. Desejos que desejam o desejo dele. Ui, menina! Segura, segura!

(Now Playing Maria Rita – Num Corpo Só)

Tá. Ok. Segurei, segurei! Mas acho que segurei demais, pra variar. Por que essa mania de pensar, sempre, que não vai dar certo, e que tudo vai acabar um dia? Custa muito ser um pouco otimista? Só pensa no dia em que tudo se termina, e quando você vai atrás de um amor pra assumir o lugar dele. Seria muito pouco, depois do que eu já senti. É ele, com o jeito dele, que alegra o meu mundo, que andava vazio, vazio. E é só beijar a boca dele que eu me arrepio toda. Ui! Se bem que eu nem sei o que eu sinto. Hoje. Ou ontem. Não sei dar nomes a essas coisas. Pra falar a verdade, eu nem sei quantas vezes eu sonhei o meu corpo, junto ao corpo dele. Num corpo só.

[...]

Oi?
Mas o que que é isso?
Eu não acredito que eu tive a coragem de colocar Spice Girls na minha lista de músicas.

É, queridinha: você, de fato, é uma pirralha de doze anos!

OFF (“If you wannabe my lover, you gotta go with my friends...!” Uhul! Eu sempre quis ter aquela elasticidade toda da Mel C… Será que eu consigo? [...] Ai, minha perna, porra! Distendi um músculo, fato! Pelo menos não foi do coração. Nem do meu. E, espero, que nem do dele).

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