segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Monólogo de Dois - Parte XXVII

A gente nasce, e já tem uma mãe, um pai; os dois juntos, ou não. Quando crescemos, temos nossos primos, irmãos, irmãs, sendo eles, por vezes, as mesmas pessoas ou não. Mais velhos, um pouco, as meninas sobem no salto e os rapazes descem no nível das cantadas e, nessa diversão agonizante, fazemos amigos. No trabalho, colegas. No prédio, vizinhos. No vôo, alguém do seu lado. Não importa o momento que analisamos, parece que sempre, sempre, vai ter alguém do nosso lado, esteja lá por muito tempo ou não. Parece, também, que, mesmo que queiramos, não conseguimos ficar sozinhos. E será, mesmo, que essa neura toda (nutrida por essa cabeça doente e mal escovada) faz sentido? Será mesmo impossível ser feliz sozinho?

É fato que muita gente responde que, sim, é impossível. Até porque, existe inclusive um dia que comemora e parabeniza aqueles que estão acompanhados: o temido e odiado (pelas solteiras) e amado e ansiosamente aguardado (pelas comprometidas) Dia dos Namorados. O mundo inteiro conspira a favor de sempre achar alguém pra você. E, se não aparece uma viva alma que sossegue o faixo por mais de dois jantares e um cinema ao seu lado, a própria se sente largada, mal-amada, acaba e... Sozinha. Qual é o grande problema nisso?

Pra falar a verdade, faz todo sentido ter alguém lá, que esteja por você e com você, nas horas boas e, principalmente, nas ruins, em que você desenvolve a capacidade de ser aquela que mais espanta qualquer companhia. A gente precisa, sim, de alguém pra chorar as mágoas, rir os risos, comer pipoca, fazer nada junto, falar besteira, dar e receber bronca. Enfim, alguém que também tenha uma vida – tão complexa ou mais que a sua – e que também necessite de uma companhia pra dividir as nossas cruzes do dia-a-dia.

Mas aí dizer que não tem como ser feliz sem alguém já é poesia-bossa-nova demais, pro meu gosto. Mesmo sendo muito útil ter alguém ali, não é crucial que essa pessoa sempre esteja lá, sentada, te esperando, ou com o telefone às mãos, pronta pra sua próxima crise, solucionável com alguns calmantes orais – não comprimidos, mas palavras -. Aliás, é tão importante quanto isso tudo ter um momento só pra você. Um não. Vários. Quiçá dias e semanas de solidão. Sem se sentir solitária. Mas, apenas, sozinha, por uns tempos.

Você consegue, então, muitas vezes, recolocar em prática tudo aquilo que a companhia te ajudou a fazer, quando ainda era impossível fazê-lo sozinha, de fato. Aprende que, no final das contas, é só você contra você mesmo; e que essa é a pior batalha a ser vencida, justamente porque você conhece, melhor do que ninguém, os competidores envolvidos: tu e você.

A felicidade é tão variável quanto os tipos de pessoas que existem no mundo. E se eu, um dia, conseguir ser feliz sozinha? E se aquela moça, que se separou de um ótimo casamento (pras outras), resolveu ser melhor ficar casada só consigo própria? O nosso foco de felicidade muda de tempos em tempos. E, assim, mudam também as nossas prioridades e dispensabilidades.

[...]


E agora, querida? Corre pra vida, que, já, já, dia 12 de Junho tá chegando! Me recuso a receber cartões da minha mãe e afilhada de novo, esse ano.

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