terça-feira, 1 de setembro de 2009

Monólogo de Dois - Parte XXV

Toda temporada, é a mesma coisa. Quando um super loja carérrima lança algum produto novo e, logo depois, todas as fashionistas (de rua e profissionais) começam a falar que é a nova moda, pronto, todo mundo corre pras lojas da vida, das mais caras as mais estou-te-dando-de-tão-barato. Aí, minha filha, se segura, que lá vem história. E piada. E vergonha alheia. O problema dessas modas ditatoriais, vistas por muitos como um Deus do capitalismo a ser seguido, é que nem sempre – aliás, quase nunca – as tendências tendem a ficar bem na galera toda que resolve segui-las. Atualmente, a que tem mais me deixado enlouquecida é aquela bendita – pra alguns – e pessimamente mal dita – pra outros -. Já foi chamada de frauda-cagada, pano em excesso e, mesmo assim, eu amo de paixão. Pena que algumas pessoas também a amem: a calça saruel. Sobe o gavião e se prepara pro tricô.

Antes de mais nada, é necessário frisar que não é qualquer aleatória, ou aleatório, que vai ficar bem com a mais nova freqüentadora das vitrines. Sem querer estipular o que ou não usar, mas vamos combinar que pessoas baixinhas – nada contra – e um pouco acima do peso – eu! – não devem lotar o seu armário com várias cores, tons e tecidos. Se lotar, querida, deixa lá dentro mesmo. A calça, por si só, já reduz a estatura das pessoas que ousam colocá-la no corpo. Logo, em vez da calça, compra um espelho, pra ver o que fica bem em você.

Aliás, eu tava vendo umas, outro dia desses, procurando uma pra mim, e, menina, vi um modelo que me deixou espantada. Não de beleza, querida, pelo contrário, pela crueldade. Nossa, o gavião da calça ia até o pé da manequim! Sabe lá Deus como a pobre conseguiu andar até a ponta da vitrine. A estampa era bonitinha, até, mas aquele gavião, meu bem, não deixa ninguém sequer pegar um ônibus. Ou andar, simplesmente. Nada de abertura de pernas por mais de 2 graus.

Outra coisa importante, da qual eu não posso me esquecer: a blusa que você usa junto com a calça. Ou o top. Ou (nunca) a bata. A saruel já é bem larguinha e espaçosa, por natureza. Logo, por favor, amada Priscila, não venha me colocar um lençol pendurado no peito e me dizer que é conceitual e que passa uma idéia. Passa idéia, sim: da irmã gêmea do boneco da Michelin.

Ou seja, tudo tem um limite. Nada de exagerar demais e deixar a roupa completamente inutilizável, mesmo que ela tenha ficado linda, no papel. Esse é o problema, né? Agora, por exemplo, meu bem, você me diz: que que vai fazer com essa barraca de acampar que você armou no seu corpo, pela pechincha de 300 reais num pedaço de pano igual a uma toalha de mesa pra piquenique?

Nunca mais saio sem identidade ou uma amiga língua-afiada: preciso me lembrar que me chamo Priscila e não Kate Moss. E preciso ser lembrada de que as vendedoras acham até um vendedor de feira desdentado lindo.

E conceitual.

Nenhum comentário: